Reis Velloso defende um modelo de desenvolvimento com forte ajuste fiscal



12/09/2011


Reis Velloso defende um modelo de desenvolvimento com forte ajuste fiscal

Um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil, tendo como âncora um forte ajuste fiscal de longo prazo capaz de influir no câmbio e possibilitar a queda dos juros será defendido na sessão especial do Fórum Nacional. O evento, organizado anualmente pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, acontece esta semana, do dia 14 ao 16, na sede do BNDES.

Velloso prega a adoção de medidas capazes de capacitar o Brasil a atravessar a recessão global com crescimento. "Vamos nos basear nos anos 30, quando os Estados Unidos adotaram o New Deal, no governo de Franklin Delano Roosevelt. O New Deal regulava o sistema bancário e buscava retomar o crescimento com a criação de empregos. Vamos defender um New Deal Verde para o país, unindo crescimento e responsabilidade ambiental".

A mudança de modelo econômico a ser sugerida no Fórum, como adiantou Velloso, parte da proposta de um ajuste fiscal de longo prazo com corte nos gastos de custeio do governo e aumento de gasto só para investimento. "A presidenta Dilma já entendeu e está implementando ideias semelhantes", constatou Velloso. Segundo ele, o corte de despesas pode ser complementado com outra medida também de natureza fiscal, que é desvincular a dívida pública da taxa Selic. "Isto cria melhores condições para reduzir os juros".

Para o economista e pai do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), implantado no governo do general Ernesto Geisel, a emissão de títulos da dívida pública, que pressupõe aumento da dívida, é política fiscal e nada impede o governo de fixar uma taxa de conveniência para corrigir os papéis de curto prazo. A política de fixação da Selic (taxa básica de juros), explicou, é política monetária implementada pelo Banco Central para combater a inflação e mantê-la na meta.

O economista disse que a política fiscal do governo (de contabilizar receita e despesa) deve ser transparente para se medir déficit ou superávit do setor público. Velloso aproveitou para criticar a adoção do superávit primário, que a seu ver não é indicador de política economica. "Ele [o superávit primário] foi inventado na época em que o Comitê de Bancos [da dívida externa] e o FMI mandavam na economia brasileira".

Velloso acredita que quanto mais o governo encolher as despesas públicas e aumentar o investimento público maior será o efeito positivo sobre a taxa de juro e sobre a taxa de câmbio. "Pois deixa de haver esta inundação de dólares que vem para o Brasil e aqui permanece apenas no curto prazo". Segundo relatou, "no nosso tempo [governo Geisel], o prazo mínimo de saída para os capitais que entravam no país era de oito anos". Ele defendeu este tipo de controle de capitais para garantir investimento estrangeiro direto.

O ex-ministro defendeu o câmbio flutuante, mas desde que flutue dentro de certa margem para cima e para baixo. "O câmbio não pode flutuar só para baixo. Aí deixa de ser câmbio flutuante e cria um aleijão macroeconômico". Segundo Velloso, a ideia do novo modelo a ser defendido no Fórum é que ao atuar na política fiscal o governo procure acertar a taxa de juros e o câmbio no sentido que ele [governo] deseja.
Em Valor Econômico




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