Redução da Selic indica cenário melhor para indústria, mas no longo prazo



16/09/2011


11:13:21

Diretores da Fiesp avaliam efeito da redução da taxa básica de juros Selic na produção industrial e alertam que ainda não é momento para comemorar 


Foto do acervo da Fiesp/Senai

A redução da taxa básica de juros Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) pela primeira vez este ano sugere não só o fim do aperto do ciclo monetário como também novas perspectivas para a atividade industrial, mas apenas no longo prazo.

A Selic foi reduzida em 0,50 ponto percentual para 12% ao ano, uma medida que pode diminuir a sobrevalorização cambial, vilã da competitividade da indústria doméstica.

“Foi uma surpresa agradável porque sabemos que a taxa Selic é um ponto fora da curva. Mas ninguém considera que 0,50 [ponto percentual] venha resolver a questão, não resolve. A questão mais importante não é variação percentual e sim o que ela carrega consigo de mensagem de disposição de vir efetivamente a percorrer um caminho de queda”, explicou Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp, embora tenha reforçado que o fraco desempenho da atividade deve persistir até o fim do ano.

O diretor do Departamento de Relações Comerciais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp, Roberto Giannetti, engrossa o coro da indústria de que a redução, ainda modesta, da taxa de juros é o início de uma situação favorável para a indústria, já que a decisão, se acompanhada de mais cortes, pode deixar a especulação cambial menos atrativa.

“A gente vai conviver com um câmbio entre R$ 1,70 e R$ 1,80 nos próximos seis meses. Claro que não podemos esperar uma excessiva desvalorização do Real, porque isso também teria efeitos na inflação e o governo tem que cuidar também da inflação”, disse Giannetti. O dólar encerrou esta quinta-feira a R$ 1,71, de acordo com o Banco Central.

Mais do que Selic

Embora a taxa básica de juros seja o centro das atenções quando se trata de falta de competitividade da indústria, ainda é necessário considerar um plano mais encorpado para devolver o fôlego da atividade industrial e de sua participação no mercado doméstico.

Nos últimos anos, os diversos setores da indústria despencaram em ritmo de produção e exportação e em competividade no mercado local. De acordo com o Derex, o total exportado em quantidade física de produtos manufaturados em 2011 ainda não recuperou o nível de 2005.

“Portanto em volume, que é o que importa do ponto de vista de geração de emprego e de renda, os produtos manufaturados voltaram para trás na exportação”, informou Giannetti, acrescentando que no mesmo período as quantidades importadas de produtos manufaturados cresceram 101,7%.


Segundo Francini, do Depecon, a exportação de bens manufaturados deve encerrar o ano de 2011 com um déficit de US$100 bilhões. “Isso movido pela substituição crescente da produção doméstica por importados.”

O número contrapõe informações divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) de que as exportações no acumulado de janeiro a agosto somaram US$166,71 bilhões, uma alta de 31,4% ante o mesmo período do ano passado, superando o crescimento de 27,4% das importações durante o mesmo período.

“O significante é commodity, que aumentou 30% em preço. Nada contra os produtos primários, mas há pouca participação da indústria. As estatísticas de Comércio Exterior às vezes enganam”, afirmou Giannetti.

Apesar de uma mudança das perspectivas com a redução da Selic, Francini mantém sua previsão de um desempenho medíocre da indústria este ano: “Está mais do que mantida. Vai ser medíocre mesmo. Estamos projetando 2,5% a taxa de crescimento da indústria, claramente com viés de baixa”.

Resta esperar o efeito gradativo da redução da taxa básica de juros sobre a atividade da indústria. “Eu diria que no transcorrer de um ano há de promover efeito. Não é apenas a Selic, o governo tem tido atitudes relacionadas também ao chamado capital especulativo”, previu Francini.

Fonte: FIESP




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