Prefeituras dependentes do setor automotivo divergem sobre IPI



22/09/2011


O decreto da presidente Dilma Rousseff (PT) que aumentou o Imposto sobre Produção Industrial (IPI) em 30 pontos percentuais para a importação de carros e componentes para automóveis, exceto aqueles produzidos no Mercosul, dividiu as prefeituras paulistas com forte presença do setor automobilístico. O posicionamento não segue a tendência partidária, com críticas de prefeituras do PT e elogios de prefeito do PSDB.

"Proteger a indústria nacional é sempre uma coisa boa, desde que não interfira na competitividade", disse o prefeito de Piracicaba (SP), Barjas Negri (PSDB), que foi ministro da Saúde do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Mas se o aumento do IPI for um álibi para as empresas aumentarem o preço do automóvel no Brasil, então não servirá para nada", disse.

A Hyundai começou a construir uma fábrica em Piracicaba este ano e quer iniciar a produção de 150 mil carros em 2012 - portanto, terá de enfrentar o imposto mais caro, que vai até dezembro de 2012, caso não nacionalize 65% do veículo. O prefeito acha que é cedo para avaliar o impacto das medidas do governo na cidade, mas não vê chance de retração porque o investimento é de longo prazo. "A Hyundai será beneficiada pela medida, já que muitos dos concorrentes diretos são importados."

O investimento de U$ 400 milhões da Chery também deve ser mantido em Jacareí (SP), cidade do prefeito Hamilton Mota (PT), apesar das críticas da empresa sobre o aumento do imposto. Segundo o secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emerson Goulart, as reuniões com os representantes da companhia continuam normalmente e eles não dão indícios de desistir do negócio.

O secretário, porém, reza para o cenário não mudar. "Nossa posição é de espectadores, torcendo para que não nos prejudique", afirmou. A empresa pretende produzir 100 mil carros no primeiro ano de funcionamento, em 2013, e criar cerca de mil empregos na cidade, que em troca isentou a fábrica do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) por 20 anos.

Na análise da prefeitura, o governo federal deveria separar as empresas estrangeiras dispostas a abrir fábricas no país das importadoras. "Eles poderiam analisar o caso concreto da Chery, que está se movimentando bastante e é diferente das que só importam, sem perspectiva de produção local", avaliou Goulart.

As cidades do ABC, região conhecida pela força do setor automobilístico, veem a cobrança maior de IPI como importante para proteger a produção nacional. "É claro que uma medida como essa revolta os setores prejudicados. Mas estamos vivendo um desequilíbrio muito grande, principalmente na cadeia produtiva", diz o prefeito Mário Reali (PT), de Diadema, cidade com mais de 2 mil fornecedoras de autopeças.

Mesmo com a alta dependência do ramo automobilístico no orçamento do município, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), diz que o governo federal pensou apenas no curto prazo ao elevar o tributo. "É óbvio que ficamos satisfeito. Mas acho o reflexo global preocupante, precisamos ver como isso vai impactar os investimentos no país a longo prazo", questionou.

Fonte: Valor Econômico




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