Por quê mercado secundário de debêntures tem registrado recordes?



03/10/2011


O mercado secundário de debêntures, aquele em que são efetuadas as operações de compra e venda de debêntures pelos investidores, apontou recorde de negociações, segundo último relatório da Anbima. O volume transacionado em agosto foi o segundo maior registrado no ano, da ordem de R$ 1,7 bilhão, com 112 séries negociadas. Entre elas, destaque para CMTR 12 (Cemig) maior em volume, TNLE 15 (Telemar Norte-Leste) maior em número de negócios, e CVRD 27 (VALE) em número de dias com negócios.

Em termos de média mensal, negociou-se 98 séries em 2011 contra 70 e 78 em 2009 e 2010, respectivamente. Outro recorde histórico no mês refere-se ao número de negócios realizados no segmento, que registrou 1.871 operações. Ao longo de 2011, esse indicador também vem mostrando evolução. A média mensal no ano foi de 950 negócios contra 693 e 630 negócios em 2009 e 2010.

Neste sentido, como este movimento pode ser intepretado? Incialmente, os especialistas dizem que vale ficar atento a ele, pois as decisões tomadas neste segmento de investimentos podem refletir as expectativas dos grandes investidores, que por sua vez, têm grande impacto sobre os mercados em geral.

Segundo André Mallet, gerente de renda fixa da UM Investimentos, a maior negociação de debêntures no ultimo mês pode ser atribuída à queda repentina da taxa básica de juros a Selic, de 0,5 pontos percentuais.

“Vínhamos até então com um cenário de alta dos juros e inflação convergindo para baixo ou que, pelo menos, indicava que iria parar de subir convergindo em direção ao centro da meta. Com o cenário contrário, o mercado começou a refazer suas expectativas, e boa parte dessa movimentação de debêntures foi em papéis atrelados ao índice inflação”, explica.

Segundo ele, quando Banco Central reduziu os juros, este títulos se valorizaram, aumentando o interesse de mais compradores, pois comprariam títulos pré fixados à uma taxa de inflação cuja tendência é de alta. Por sua vez, na ponta dos vendedores, a realização de lucro tornou-se mais interessante. “Quem comprou acredita que, se o BC continuar reduzido os juros ganharão mais à frente, com a inflação mais alta. Estes título têm tendência de continuar se valorizando”, diz Mallet.

Outros motivos
Já para Luis Fernando Pessôa, sócio fundador da Local Invest, esta movimentação do mercado secundário de debêntures é atribuída à baixa liquidez mundial. “Os investidores que esperavam por grandes IPO’s neste ano realocaram seus recursos nas debêntures.  A opção foi feita em função de ser uma renda fixa. Mesmo sendo título de uma empresa não tem a volatilidade do papel na bolsa”, explica o executivo.

Pessôa acredita que houve uma busca por diversificação de portifólio por parte destes investidores. “Enquanto a situação estiver assim, em recessão, os produtos de renda fixa estarão mais interessantes”, diz o sócio da Local Invest que reforça, que neste momento, os grandes investidores estão muito mais interessados em alocar seus recursos como credores das companhias do que transformar-se em sócios delas, via ações.

Segundo ele, o fato de empresas com maior estabilidade serem as que apontaram os melhores desempenhos do mês indica esta tendência. O excutivo ainda completa, "no caso do comprador ele comprou por conta da solidez das empresas mesmo”.

Essa é a mesma opinião de Jorge Simão, superintendente de distribuição do BES Investimento do Brasil. “Como a economia brasileira está indo relativamente bem, os gestores não estão colocando em suas avaliações o risco de alguma empresa encontrar dificuldades. Até mesmo porque, as companhias mais compradas ou possuem elevado poder de geração de caixa ou não estão ligadas aos mercados internacionais, mitigando bastante o risco de sofrer com a recessão”, diz.

Na avaliação do executivo do BES, este maior interesse pelo mercado de debêntures pode ser observado desde julho. “Ele não se deu pela maior oferta de novos papéis ou por medo da crise”. Segundo ele, o que aconteceu foi que, dado o aumento da volatilidade em julho e em agosto e com os mercados internacionais provocando forte oscilação da bolsa de valores e das moedas, bem como das taxas de juros, especialmente a Selic, os investidores saíram de aplicações nestes mercados indo para investimentos com menor aversão ao risco. Como não havia opções não mercado primário, foram para o secundário.

“Os compradores foram gestores de renda fixa de crédito privado que, com esta aversão ao risco, tiverem aumento da captação junto aos seus clientes, e com isso foram buscar alternativas de aplicações com menos risco do que as apostas em mercados com volatilidade alta. Por sua vez, quem vendeu estava em busca da realização de lucro, o que aconteceu por parte de investidores e tesouraria de bancos”, explica Simão.

De todo modo, os especialistas acreditam que este movimento intenso no mercado secundário de debêntures deve ter sua velocidade reduzida até o final do ano, uma vez que o investidores já identificaram o momento e atuaram.

Fonte: InfoMoney




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