10 anos após o 11/9: como a reposta rápida do Fed evitou a recessão



10/09/2011


10 anos após o 11/9: como a reposta rápida do Fed evitou a recessão

Às vésperas de completar 10 anos, o ataque terrorista contra a maior potencia do planeta desencadeou reflexos imediatos em todos os aspectos da sociedade ocidental, e naturalmente a economia e o mercado financeiro não foram exceção.

Um exame mais detalhado dos acontecimentos revela que houve como primeiro impacto uma perda abrupta da confiança do consumidor e dos empresários nos países desenvolvidos, que recuaram a níveis incrivelmente baixos - próximos ao da recessão do início dos anos 80 nos Estados Unidos ou ao da invasão do Kuwait pelo Iraque que deflagrou a guerra do golfo em 1990.

Em meio à queda de confiança, instaurou-se o pânico no mercado com agentes demonstrando aumento vertiginoso da aversão ao risco, buscando desmontar posições em investimentos em todo o planeta, empresas remetendo lucro para suas matrizes, seguradoras em pânico e etc.

Segundo a antropóloga Ana Laura Taddei, professora ESPM-RJ que morava em Nova York no dia dos atentados, cidadãos de todo o país ficaram inicialmente anestesiados pelo ataque, sem conseguir mensurar ao certo sua extensão, efeitos e responsáveis.

Como consequência imediata a incerteza pairava sobre toda a população, boatos surgiam a todo instante, estoques de suprimentos começaram a ser feitos nas casas e calafrios eram sentidos a cada avião que sobrevoava Nova York.

Para preservar as bolsas, os trabalhos em Wall Street ficaram suspenso durante uma semana, com bolsa de Nova York voltando a ser aberta apenas na segunda-feira subsequente, no dia 17 de setembro.

Fed fez a diferença

Em resposta ao risco de liquidez provocado pelo pânico, o Federal Reserve injetou cerca de US$ 85 bilhões por meio de diversos instrumentos financeiros nos dias posteriores ao atentado, além de crédito para países e empresas europeias e canadense. Para completar, o Fed ainda reduziu a taxa básica de juros em um ritmo superior ao que vinha sendo registrado na época como forma de evitar qualquer quebra por problemas de falta de liquidez no mercado.

Quando as bolsas norte-americanas reabriram, o pânico já estava marginalmente contido, o que limitou as perdas a níveis menos agressivos e permitiram uma recuperação mais rápida. Para ilustrar, o S&P-500 recuou 11,6% nos primeiros cinco pregões pós-atentado, porém, no dia 11 de outubro o índice já havia recuperado a pontuação registrada no fechamento de 10 de setembro.

Resposta imediata

Não há uma razão clara nem estudos que consigam precisar quais os motivos da melhora rápida do ânimo de todos os agentes econômicos, embora muitos acreditem que a resposta rápida e enérgica de Alan Greenspan, então presidente do Fed, foi indispensável.

Conforme já mencionado, o Fed evitou qualquer risco de liquidez não só nos EUA como também na Europa, afastando na esteira o risco de contágio de um eventual problema no velho mundo. Como? A instituição relaxou regras para o mercado de ações, reduziu as exigências para o setor bancário, que puderam reduzir seus níveis de reserva e conceder empréstimos e rolar dívidas de clientes em dificuldades.

Flexibilização de regras

Para evitar maiores efeitos sobre o mercado de ações, empresas foram autorizadas a quebrar o limite legal para recompra de ações, e assim segurar a cotação dos papéis em queda.

Além do Fed, o tesouro norte-americano teve um papel fundamental na defesa do setor financeiro, porém com influência maior na sustentação da recuperação frente ao ataque. Nos 12 meses seguintes aos atentados, o tesouro desembolsou cerca de US$ 110 bilhões em ajuda direta, isenção de impostos e elevação do seguro desemprego, sem contar o aumento dos gastos militares para financiar a campanha no Afeganistão.

Mas afinal, o que evitou uma crise financeira?

Basicamente, um atentado terrorista dessas proporções à maior economia do planeta pode provocar uma reação recessiva em cadeia da seguinte forma: queda na confiança de empresários e consumidores, redução dos investimentos e gastos, problemas de rolagem e refinanciamentos de dívidas e aumento da percepção de risco, renovando o ciclo com mais queda na confiança e por aí em diante.

Porém, o ponto nevrálgico que evitou a deflagração de uma deterioração econômica mais profunda foi o comportamento do consumidor norte-americano, que seguiu confiante, ou seja, gastando, consumindo.

A mídia norte-americana e o governo rapidamente alinharam seus discursos para instigar o orgulho do povo norte-americano, retoma Ana Laura.

Basicamente, a seguinte mensagem era reproduzida reiteradamente: "Esse é um ataque contra o povo norte-americano e seu estilo de vida. Nosso jeito de revidar é ir às ruas e não recuar, que é exatamente o que os terroristas querem provocar", completa a antropóloga, acreditando que forma com que o orgulho nacional mexe com os EUA provocou uma reação positiva da população.

Consumo e confiança

Apesar da poupança de muitas famílias norte-americanas ter sido diretamente afetada pela desvalorização quase que imediata das ações, a queda na taxa de juros reduziu os gastos com hipotecas de seus imóveis e o custo de capital para consumo, compensando a perda.

Além disso, se viu uma injeção de orgulho e propaganda do american way of life nos meses seguintes ao atentado, como forma de promover o sentido de unidade nacional e estimular o consumo e o desenvolvimento do país.
Em InfoMoney




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