Balanços crescem muito e diretor da Vale teme 'monstro'



13/09/2011


Balanços crescem muito e diretor da Vale teme 'monstro'

Ninguém tinha dúvida de que a aplicação das normas internacionais de contabilidade aumentaria o tamanho e o número de notas explicativas divulgadas em conjunto com os balanços das empresas. Mas a sensação geral é que se passou da conta. "Tenho receio de que as demonstrações contábeis se transformem em um monstro que ninguém consiga ler e entender", afirmou o diretor de controladoria da Vale, Marcus Severini.

O executivo diz que não é contra prestar mais informações, mas acredita que nem todas precisam estar nos balanços, já que muitas se repetem no Formulário de Referência, nos relatórios anuais das empresas, no site de relações com investidores e nos comunicados à imprensa.

Severini participou ontem do 1º Encontro de Contabilidade e Auditoria, organizado pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

Presentes no mesmo evento, representantes da academia, analistas de investimento e até mesmo os auditores concordaram com a avaliação de que os balanços estão maiores do que precisariam.

O professor Ariovaldo dos Santos, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, cita por exemplo casos em que as notas explicativas detalham todos os 43 pronunciamentos contábeis, além das interpretações e orientações emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e ratificadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Que sentido faz isso?", questiona o professor.

Para ele, as empresas deveriam procurar ajuda de profissionais da área de comunicação e de letras para tornar as notas mais sucintas. "Essas pessoas vão conseguir resumir 12 páginas em uma e meia com competência", diz Santos, que avalia que os balanços, da forma como são divulgados hoje, são desinteressantes.

Reginaldo Ferreira Alexandre, presidente da regional São Paulo da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-SP), conta que ouviu de um presidente de companhia aberta uma reclamação sobre o tamanho do seu próprio relatório. Quando procurou saber o motivo, esse executivo ouviu os contadores responsabilizando os auditores, que culparam os advogados, que apontaram novamente os contadores. "Além do aumento do tamanho por conta das novas demandas da regulamentação, existe também relatório mal feito. Em vez de escrever uma linha, a empresa gasta três páginas", afirma Alexandre. "As notas precisam ser mais simples, mais claras e mais objetivas", acrescenta o presidente da Apimec, lembrando que muitas vezes os analistas têm poucas horas para ler os balanços e emitir seus relatórios.

Na opinião de Wanderley Olivetti, sócio de auditoria da Deloitte, as notas explicativas dos balanços acabaram ficando muito grandes porque as empresas ficaram com receio de serem acusadas de não querer divulgar determinada informação. Por isso, ele não vê espaço para redução imediata do tamanho das demonstrações financeiras.

Já o sócio da Ernst & Young Terco Paul Sutcliffe tem uma visão diferente. "A norma requer a divulgação, mas é possível fazer de forma mais resumida", afirma. Ele cita ainda que a nota que faz a descrição das práticas contábeis poderia ser menor, enquanto aquela que trata das premissas usadas pela administração deveria ser maior e mais detalhada.

De acordo com Alexandre, da Apimec-SP, o problema dos balanços grandes não é novo. Ele conta que, ao participar por vários anos da comissão julgadora de um prêmio que a Abrasca dá para os melhores relatórios anuais, foi possível observar mudanças. "Eles foram ficando mais magrinhos. E as empresas que reduziram foram ganhando destaque", diz.

Em outro ponto relacionado com a comunicação das companhias abertas com o público, o Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim) deve discutir, em reunião marcada para hoje, uma proposta para se acabar com as colunas referentes ao resultado da "controladora", que hoje sai ao lado dos números consolidados dos grupos. Também entrará na pauta o rodízio de auditoria e o fim da necessidade de publicação dos balanços em jornais.

Em Valor Econômico




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